2016-2017 O Jogo

 

CINEMA, CEM ANOS DE JUVENTUDE 2016-2017 – O JOGO

TEMA

Jogar, no cinema

Jogar, na infância, é criar um espaço especial, separado do mundo que nos envolve e das suas regras, um espaço de jogo que deriva, por sua vez, da realidade, do exterior e do universo interior da criança.

A criação cinematográfica, como o jogo da criança, resulta da capacidade de criar esse espaço intermediário, um espaço de liberdade entre o imaginário e a realidade. O objecto é, por sua vez, encontrado e criado, tanto no jogo como no cinema. A criança, (como o cineasta), escolhe alguns objectos no mundo real, mas altera-os da sua função habitual para criar elementos de um mundo à parte e de uma ficção criadas pelo jogo (e pelo filme).

Partiremos de excertos de filmes onde a lógica racional do argumento (o seu desempenho narrativo) cede o lugar, de tempos a tempos, a sequências onde as personagens se desligam do mundo social e das suas regras e começam a jogar como na infância. Estes personagens não são forçosamente crianças: existem filmes sem crianças onde o jogo tem um lugar central.

Estes excertos de filmes serão classificados de acordo com os quatro tipos de jogo lançados por Roger Caillois: jogos de competição, jogos do acaso, jogos de imitação (jogar a ser uma outra pessoa), e jogos de equilíbrio, de tonturas, de vertigens.

Veremos como o cinema dá vida e forma a estes momentos de jogo, e como o jogo é constitutivo do próprio gesto de criação-cinema.

Jogo musical

A expressão “jogar (tocar) música” mostra bem que existe uma raiz comum entre o jogo e a música. Nos dois, um mundo fechado é recriado, fora do tempo habitual, com as suas próprias regras e sobrepõe-se, para encantá-lo, ao mundo real.

O jogo na pequena infância tem muitas vezes a ver com a música: rimas, canções de embalar, cantigas, lengalengas.

A reflexão sobre a representação do jogo nos filmes passará por um trabalho sobre o papel privilegiado que a música pode desempenhar na criação de um espaço de jogo, no seio do próprio filme.

De facto, a questão da música estará no coração da reflexão e da prática de diferentes oficinas deste ano: escolha do tipo de música que vamos integrar no filme, escolha em mostrar na imagem as fontes da música ou de sobrepor arbitrariamente uma música às imagens, convite à criação e à interpretação musical pelos alunos, nos seus filmes.

Alain Bergala

REGRAS DO JOGO

Não considerar jogos com écrans (telemóvel, etc.)

EXERCÍCIOS:

O Exercício 1 deve ser realizado por todos os alunos. Se não houver tempo para realizar os 3 exercícios com todos os alunos, o exercício 2 e 3 serão realizados cada um por um grupo diferente.

1/ Exercício individual (ou a pares): depois  de escolherem um jogo que gostem e de fazer repérages, filmar esse jogo de forma documental. Este jogo pode ser jogado por uma ou várias crianças, por jovens ou ainda pessoas idosas… Se possível e de preferência, filmar num espaço fora do estabelecimento escolar ou em sua casa.

Um só plano, 2 minutos máximo.

(Todos)

 2/ Exercício em pequenos grupos: a 2 alunos que tenham sido excluídos de uma aula por um professor é lhes atribuído um espaço limitado. Nesse espaço circunscrito, eles improvisam uma brincadeira que inventam com o que tiverem à disposição: corpos, objectos, espaço.

2 minutos máximo. Filmagem plano sequência ou montagem.

(Parte do grupo)

 3/Exercício em pequenos grupos: filmar uma personagem num jogo com a perda de pistas espaciais e temporais*. Para este exercício, filmar ao mesmo tempo a personagem e as sensações físicas que ela experimenta.

* (categoria “vertigem” da tipologia)

(2ª parte do grupo)

(Pensar na questão do som ou da música, efeitos especiais se houver uma boa razão ponto de vista do personagem e sobre o personagem)

 

FILME ENSAIO

Realizar um filme em que a narração se interrompe de cada vez que o(s) personagem experimenta a sua liberdade a brincar, o que o faz sair do seu quotidiano.

Reinvestir no filme o trabalho dos exercícios sobre o espaço, a criatividade,  a reciclagem dos objectos, as sensações físicas…  prestando atenção ao enquadramento, aos movimentos de câmara, ao som (eventualmente à música), à montagem.

Duração do filme (incluindo o genérico): 5 a 10’ máximo.

 

BLOG

Antes do fim de Outubro:

  1. Cada atelier apresenta-se em imagens comentadas: o grupo, o lugar onde se desenrola o atelier: onde se encontra a escola, a sala do atelier, jogos preferidos de grupo.

Ao longo do ano:

  1. fotografias comentadas da rodagem dos exercícios
  2. quais são os filmes ou excertos dos filmes vistos pelo atelier: fotogramas dos filmes e comentários
  3. fotografias comentadas da rodagem do filme-ensaio
  4. todas as iniciativas são bem-vindas…

(ver os materiais do blog quer na escola quer com a família (em casa))