
Para este primeiro colóquio realizado no âmbito do programa “
A Iniciação ao Cinema: Experiências e Reflexões” que vai decorrer no dia 21 de Fevereiro de 2013, entre às 10h00 e às 16h30, no Auditório do
Institut Français de Portugal, convidamos várias pessoas/entidades a fazer uma reflexão sobre a sua prática, a sua experiência de transmissão, as suas convicções acerca do como fazer e desenvolver o encontro com o cinema, na escola, na comunidade, por vezes numa região onde o cinema quase não tem existência concreta. Para além de Nathalie Bourgeois directora do Serviço Pedagógico da Cinemateca Francesa que coordena o programa pedagógico
Le Cinéma, cent ans de jeunesse /
Cinema, cem anos de juventude, contamos também com a presença das responsáveis de duas associações que levam a cabo um vasto projecto de iniciação ao cinema, na Catalunha em Espanha (
A Bao A Qu) e no Brasil (
Imagens em Movimento), com cineastas e representantes de instituições, associações, cineclubes, escolas e autarquias, de várias regiões de Portugal onde existe um projecto, uma prática de sensibilização ao cinema.
Vitor Erice disse, quando esteve em Portugal em Novembro de 2009, a convite do Estoril Film Festival: “Ignora-se a história do cinema mas acima de tudo a sua verdadeira natureza. O cinema é a mais secreta das linguagens artísticas e a menos compreendida”.
A nossa grande preocupação é sensibilizar crianças e jovens para a arte cinematográfica. Mostrar imagens que as crianças não estão habituadas a ver e, sobretudo, imagens que elas não têm a oportunidade de ver. E dar-lhes pistas para que olhem essas imagens de outra maneira, para que através delas desenvolvam um contacto mais intenso e exigente com as coisas da vida e do mundo. É necessário levar ao conhecimento dos seres em crescimento o cinema como forma de contar histórias através da sua matéria específica: a matéria cinematográfica. Levá-los a criar um imaginário através da descoberta de espaços e tempos, formas e cores, sons e ritmos, palavras e lugares, paisagens e universos, etc., graças à experiência insubstituível que as grandes obras de cinema proporcionam.
O cinema é também o encontro com o mistério, com os segredos do mundo, com o próprio mundo, próximo ou longínquo, e com cada um de nós. No contacto com os filmes, na situação de aprendizagem pelo cinema, na passagem ao acto de filmar ganha-se muito, às vezes tudo, se essa transmissão for protagonizada por alguém para quem o cinema é vital.
Como os mais novos aprendem com o corpo e com os sentidos, a experiência prática aliada ao contacto e análise dos filmes ajuda-os a ir mais longe no seu processo de conquista de horizontes alargados. As crianças envolvidas nas práticas implementadas aprendem a observar o que as rodeia, a reinventar o espaço e as coisas, a fazer escolhas, a tomar decisões, a desenvolver a auto-exigência, o rigor, a atenção, a concentração, a capacidade de trabalhar em equipa etc. Aprendem ainda a partilhar os seus filmes e experiências com os outros a exprimirem os seus sentimentos e as suas descobertas.
Falar de todas estas questões é também falar de todas as dificuldades e de todas as batalhas que é preciso travar para que estes projectos existam e sobretudo para que se desenvolvam. Se a sua importância é cada vez mais discutida e reconhecida em toda a união europeia e em muitos outros países, na prática estes projectos são muito pouco considerados, muito pouco apoiados e sobretudo quase não se fala e não se reflecte sobre eles. É também isso que este encontro/colóquio procura combater.
Participantes: Nathalie Bourgeois (
Service Pédagogique de la Cinémathèque Française), Ana Dillon (Associação
Imagens em Movimento, Rio de Janeiro), Núria Eidelman (Associação
A Bao A Qu –
Cinema em Curs, Barcelona), Maria do Carmo Piçarra (Investigadora na área do Cinema), Ana Eliseu (Cineasta), Maria João Taborda (Investigadora na área do Cinema), Regina Guimarães, Saguenail, Rossana Torres, Teresa Garcia (Cineastas/
Os Filhos de Lumière), Rodrigo Francisco (
Cineclube de Viseu), Graça Lobo (programa
JCE/Juventude-Cinema-Escola, Direcção Regional da Educação do Algarve), Neva Cerantola (
Cinemateca Júnior), Sofia Figueiredo (
Câmara Municipal da Moita/Cultura), Isabel Estevens (
Câmara Municipal de Serpa/Cultura).