Out 232013
 

Fotograma do filme Aniki Bóbó de Manoel de Oliveira

Dizem que voa e abre todas as portas. Que cala a verdade mas fala todas as línguas. Que é o nervo da guerra embora não conheça dono. Que não tem cheiro e não faz a felicidade. Neste seu MOMENTO XXIV – crise oblige… – o Sabor do Cinema vai finalmente centrar-se sobre a esfera do dinheiro que incessantemente se cruza com a da arte dita sétima e industrial ao longo da história. Entre as mil e uma maneiras de escapar, no quotidiano, à ditadura da pasta (delicioso “Barres” de Luc Moulet) e a epopeia da ganância na pátria do capital (genial “Greed” de Eric von Stroheim). Entre o fascínio erótico do «vil metal» (tumultuoso “Rio do Ouro” de Paulo Rocha) e o reconhecimento do reino da imoralidade que o poder do graveto impõe (“L’Argent” de Bresson, com todo o rigor a que o seu autor nos habituou). Entre o engenho lúcido e louco que a pelintrice engendra (os semi-auto-biográficos “Sapatos de Defunto” e o alter-self-portrait-em-cena de “As Recordações da Casa Amarela”, ambos assinados por João César Monteiro) e o jogo de máscaras que a aura do guito implacavelmente encena (The Idle Class” do corrosivo Charles Chaplin).

Programação: Associação “Os Filhos de Lumière

DAS 16:00 ÀS 18:00 – DOMINGOS – AUDITÓRIO DE SERRALVES

03 de Novembro de 2013
– Barres, de Luc Moullet, 14′, 1984, França, legendado em português
– Recordações da Casa Amarela, de João César Monteiro, 122′, 1989, Portugal

24 de Novembro de 2013
– The Idle Class (Charlot, amador de golfe) de Charles Caplin, 32′, 1921, EUA,
– L’Argent (O Dinheiro), de Robert Bresson, 85′, 1983, França, legendado em português

01 de Dezembro de 2013
– Quem Espera por Sapatos de Defunto Morre Descalço, de João César Monteiro, 33′, 1971, Portugal
– O Rio do Ouro, de Paulo Rocha, 103′, 1999, Portugal

08 de Dezembro de 2013
– Greed (Aves de Rapina), de Eric von Stroheim, 140′, 1924, EUA, legendado em português

Jan 252013
 

Fotograma do filme Aniki Bóbó de Manoel de Oliveira 

O Momento XXIII do ciclo sazonal de projeções-conversa O Sabor do Cinema propõe-se abraçar o tema das relações entre cinema e literatura, evitando contudo colocar a tónica na adaptação e no lugar-comum da passagem do romance ao ecrã. Donde esta escolha de uma dúzia de filmes que disparam em muitos sentidos, desde a proposta de chaves para a leitura de uma obra poética através dos traços biográficos que esta mesma ficciona – como é o caso do ensaio visual de Ginette Lavigne que nos dará a honra da sua presença – ao monumento cinematográfico-musical que Paulo Rocha, recém-falecido, construiu a partir da vida do muito peculiar escritor Wenceslau de Moraes. Sophia pela mão de João César Monteiro, José Régio pelo olhar de Manoel de Oliveira; o poeta e músico arménio Sayat Nova evocado por Paradjanov; o cómico Buster Keaton convocado pelo dramaturgo Samuel Beckett; o casal Huillet-Straub meditando acerca da relação entre os deuses e os homens através do texto de Cesare Pavese; Duras desdobrando-se em Aurélia Steiner e desdobrando esta última em várias personagens; Saguenail multiplicando os atores da paixão de Cristo pelo número de enquadramentos de um filme; Pasolini refletindo sobre imagens filmadas em busca de atores para uma Oresteia africana — em suma, um conjunto de obras instáveis em que os meios artesanais do cinema são encarados como ferramentas de escrita. A ver e conversar.
Programação: Associação “Os Filhos de Lumière
DAS 16:00 ÀS 18:00 – DOMINGOS – AUDITÓRIO DE SERRALVES
27 de Janeiro de 2013:
sessão com a presença de Ginette Lavigne
17 de Fevereiro de 2013:
Romance de Vila do Conde, de Manoel de Oliveira
O Poeta Louco, O Vitral e a Santa Morte, de Manoel de Oliveira
03 de Março de 2013:
Aurélia Steiner / Melbourne, de Marguerite Duras
17 de Março de 2013:
A Imitação, de Saguenail
07 de Abril de 2013:
O Meu Caso, de Manoel de Oliveira
21 de Abril de 2013:
Out 182012
 

Fotograma do filme Aniki Bóbó de Manoel de Oliveira

O Sabor do Cinema regressa ao Auditório de Serralves para cumprir o seu XXII momento, imaginado como uma viagem no tempo a “cinco partidas” do mundo: Portugal, França, (ex)União Soviética, Estados Unidos da América, República Popular da China. A partir da expressão «compromisso histórico» – que, nos idos de 70 do séc. XX, configurou, em Itália, uma polémica aliança entre adversários políticos com vista à governabilidade do país –, mas tomando-a na literal acepção de «engajamento», tentámos conceber um programa que revisita o modo como diferentes cineastas em diferentes momentos (dos portugueses Fernando Lopes e Alberto Seixas Santos, ao soviético Alexandre Medvedkine, passando por Robert Kramer, Jean-Luc Godard, Chris Marker e Joris Ivens, até ao mais recentemente aplaudido Jia Zhang Ke) se implicaram na leitura do passado, presente e devir dos contextos políticos onde as suas obras se inscrevem. Porque o nascimento e a metamorfose das formas está intimamente ligada às matérias de reflexão a que a história confere carácter de urgência.

O Sabor do Cinema é um ciclo projecções – conversa organizado pelos “Filhos de Lumière”, que propõe o visionamento e a discussão de filmes de todos os géneros, origens, épocas e durações. Para que esses mesmos filmes continuem a produzir pensamento(s) fora dos trilhos do mercado audiovisual.

das 16:00 às 18:00 – Domingos – Auditório DE SERRALVES